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Economia

Setor de telecomunicações enfrenta desafios 25 anos após privatização

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Um evento que mudou a forma como os brasileiros se comunicam faz aniversário neste sábado (29). Há 25 anos, ocorria a privatização do sistema Telebras, quando a parcela da estatal que cuidava da telefonia fixa foi fatiada e vendida à iniciativa privada.

A privatização multiplicou os investimentos em infraestrutura, mas, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, deixou diversos passivos para os consumidores e desafios para o futuro. O usuário enfrenta tarifas caras, contratos arbitrários e publicidade abusiva. As empresas lidam com falências de concorrentes e uma legislação que não previu a transição para a internet.

Sofrendo com a falta de investimento e o sucateamento, a Telebras foi vendida num momento em que os países desenvolvidos faziam a transição dos cabos de cobre para a fibra óptica e a telefonia móvel começava a se estabelecer. Segundo a Conexis Brasil Digital, associação que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade, os investimentos no setor somaram R$ 1,036 trilhão de 1998 até o primeiro trimestre deste ano.

“A maior conquista do setor nestes 25 anos foi a massificação do acesso aos serviços de telecomunicações. Hoje, todos os municípios brasileiros têm acesso a pelo menos uma tecnologia móvel, seja 3G, 4G ou 5G. São mais de 150 cidades que já têm acesso ao 5G, que acaba de completar um ano de operação no Brasil”, diz o presidente-executivo da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari.

Crescimento exponencial

Outros números da Conexis mostram crescimento exponencial da telefonia e das tecnologias associadas às privatizações. Na telefonia móvel, o número de acessos subiu de 7,4 milhões de acessos em 1998 para 251 milhões. Na televisão por assinatura, que pode ser oferecida por operadoras telefônicas, o total de assinaturas passou de 2,6 milhões para 27 milhões.

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Não existente em 1998, a banda larga fixa terminou o primeiro trimestre deste ano com 45,7 milhões de acessos. O serviço começou a ser oferecido no Brasil em 2000, mas só se popularizou a partir de 2004, com o surgimento das primeiras redes sociais. A telefonia fixa, escopo original da privatização, cresceu bem menos, passando de 20 milhões de linhas em 1998 para 27 milhões atualmente.

Defasagem

As próprias estatísticas mostram a mudança tecnológica que caracterizou as telecomunicações nos últimos 25 anos, com as pessoas deixando de conversar por voz para conversarem via internet. Embora prevista desde meados dos anos 1990 por meio da instalação da rede de fibra óptica nos Estados Unidos, a expansão da banda larga foi ignorada pela Lei Geral das Telecomunicações, sancionada um ano antes da privatização e que serviu de marco legal para o leilão da Telebras.

“A própria lei da televisão a cabo, de 1995, cita a internet e abria caminho para a instalação da banda larga no Brasil, mas esse processo foi ignorado na Lei Geral de Telecomunicações porque havia pressa em privatizar a Telebras para fazer caixa para o governo”, avalia Murilo César Ramos, professor emérito da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e fundador e pesquisador sênior do Centro de Políticas, Direito, Economia e Tecnologias de Comunicações (CCOM) e do Laboratório de Políticas de Comunicação, na mesma universidade.

O buraco na legislação, aponta Ramos, trouxe consequências atuais. A principal é uma disputa entre as empresas vencedoras do leilão de telefonia fixa, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2025, essas operadoras passarão do regime de concessão, que previa uma série de obrigações relacionadas à telefonia fixa (como metas de oferta de orelhão), para o regime de autorização, mais flexível e pelo qual operam as empresas que venceram os leilões posteriores.

No entanto, elas terão de desembolsar cerca de R$ 33,6 bilhões para fazer a migração, segundo o cálculo mais recente da Anatel, atualizado por determinação do TCU. “As companhias pedem a revisão do valor e até alegam que, na verdade, têm direito a receber. Essa é uma bomba-relógio sobre a qual alertei em 2010 e nada foi feito desde a época”, ressalta Ramos. O problema afeta as seguintes operadoras: Oi, Vivo, Claro, Algar Telecom e Sercomtel.

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Abusos

Para os consumidores, a privatização deixou um legado de ampliação de acesso combinado com contas caras, contratos abusivos e publicidade excessiva. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), as telecomunicações encerraram 2022 com 9,4% das reclamações registradas na entidade. A proporção subiu em relação a 2021 (8%), mas caiu significativamente em relação a 2018 (15%) e 2019 (14,6%).

Segundo o coordenador-executivo e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Alexandre Caramelo Pinto, os problemas para o consumidor ainda existem. “Os contratos abusivos e a publicidade excessiva são problemas que ainda persistem e devem ser vigorosamente combatidos. Não tem nada pior do que ser incomodado com ligações não solicitadas”, declara. Ele, no entanto, cita avanços nos últimos anos. “Nesse sentido, tivemos algum progresso com a Lei do Call Center, que obteve algum êxito na agilidade de reclamações e cancelamentos, e nas questões relativas à acessibilidade”, acrescenta.

Preços altos

Em relação aos preços altos, o professor da FGV diz que estão relacionados a problemas decorrente da estrutura de custos do setor de telecomunicações. Ele cita como entraves fundos criados na época da privatização, como o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel).

“Há um problema sistêmico que nos remete em grande parte à estrutura de custos do setor, naturalmente intensivo em capital [que exige muitos investimentos] e a criação dos fundos setoriais, o Fust e o Funttel. Embora importantes para financiar a universalização e inovação, seus recursos foram em diversas vezes subutilizados ou revertidos para outros propósitos, criando questionamentos sobre sua efetividade e insegurança jurídica”, afirma Pinto.

Na avaliação do professor Murilo Ramos, os baixos gastos desses fundos decorrem da falta de visão do governo na época da privatização. “O Fust só executou até hoje alguns milhões de reais, principalmente para a promoção da banda larga em escolas, porque a privatização foi pensada na expansão da telefonia fixa, não no avanço da internet”, explica. Do orçamento de R$ 651 milhões para 2023, o fundo destinou apenas R$ 10 milhões para projetos neste ano, todos relacionados à conexão via internet nas escolas.

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Economia

Brasil Enfrenta Desafios para Recuperar Empréstimo de R$ 3 Bilhões em Cuba

O governo brasileiro mantém a esperança de arrecadar os US$ 600 milhões (aproximadamente R$ 3 bilhões na cotação atual) emprestados a Cuba durante as gestões anteriores do PT para a construção do Porto de Mariel, em Havana. No entanto, especialistas e fontes indicam que essa perspectiva é incerta devido à situação financeira precária de Cuba

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O governo brasileiro mantém a esperança de arrecadar os US$ 600 milhões (aproximadamente R$ 3 bilhões na cotação atual) emprestados a Cuba durante as gestões anteriores do PT para a construção do Porto de Mariel, em Havana.

No entanto, especialistas e fontes indicam que essa perspectiva é incerta devido à situação financeira precária de Cuba e à sua história de não pagamento de empréstimos. Além disso, Cuba possui dívidas antigas com a Argentina e a Venezuela que nunca foram quitadas.

O histórico de calotes de Cuba inclui um empréstimo contratado em 1974 com a Argentina para a compra de tratores, caminhões e automóveis, que até hoje não era pago. O montante da temporada, de US$ 1,3 bilhão, agora equivale a US$ 15 bilhões. A Venezuela também emprestou valores desconhecidos para Cuba, sem que se saiba o montante exato.

Segundo analistas, a situação econômica cubana é crítica, com um déficit fiscal de 11% do PIB e uma inflação de 42%. A falta de receitas para cobrir as despesas do governo levou a emissões de moeda e alta inflação.

A indústria do turismo, uma importante fonte de moeda forte para Cuba, não se recuperou totalmente após a pandemia, agravando ainda mais a situação econômica. Isso torna improvável que Cuba possa pagar a dívida com o Brasil, mesmo após uma renegociação.

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Em resumo, as incertezas em relação à recuperação do empréstimo de R$ 3 bilhões a Cuba são alimentadas pela situação econômica crítica do país caribenho e seu histórico de dívidas não pagas, tornando o reembolso uma questão incerta.

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Economia

Governo teve déficit primário de R$ 25,7 bilhões

O déficit existe quando as despesas superam as receitas.

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As contas do governo central tiveram déficit primário de R$ 25,7 bilhões em agosto deste ano, segundo estimativa divulgada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Em agosto, por exemplo, as receitas líquidas do governo central somaram R$ 134,6 bilhões, enquanto as despesas chegaram a R$ 160,3 bilhões.

O déficit de agosto deste ano foi 51,2% inferior ao observado em agosto de 2022, que havia sido de R$ 52,7 bilhões. No acumulado deste ano, o déficit chega a R$ 102,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, o governo central acumulava superávit R$ 26,3 bilhões.

Receitas

Em agosto deste ano, segundo o Ipea, houve quedas de 30,1% das receitas não administradas pela Receita Federal, de 30,1% e de 8,4% nas receitas administradas pela Receita, na comparação com agosto de 2022.

As perdas foram parcialmente compensadas por um aumento de 3% na arrecadação do Regime Geral de Previdência Social. Com isso, as perdas da receita líquida somaram 7,1% na comparação com agosto de 2022.

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Nas receitas administradas pela Receita, apenas o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-combustíveis) tiveram aumento em relação ao mesmo período do ano passado. Os demais tributos registraram perdas.

Despesas

Entre as despesas do mês de agosto, os destaques ficaram com os aumentos nos gastos com controle de fluxo em 56%, influenciadas pelo pagamento do Bolsa Família. Por outro lado, houve queda nas despesas com previdência e pessoal (-91%), créditos extraordinários (-97%) e despesas discricionárias (-48%).

Com informações de Estadão Conteúdo.
Imagem: Shutterstock

Redação

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Economia

Ministério do Desenvolvimento lança nova regra em que o benefício será cortado para quem mora sozinho

O Ministério do Desenvolvimento Social trouxe recentemente mudanças significativas no cadastro do Bolsa Família, com o objetivo de aprimorar a transparência e eficácia do programa. Essas mudanças merecem nossa atenção. A principal motivação por trás dessas alterações é combater possíveis fraudes. O governo estabeleceu um limite de 16% para os cadastros de famílias unipessoais no

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O Ministério do Desenvolvimento Social trouxe recentemente mudanças significativas no cadastro do Bolsa Família, com o objetivo de aprimorar a transparência e eficácia do programa. Essas mudanças merecem nossa atenção.

A principal motivação por trás dessas alterações é combater possíveis fraudes. O governo estabeleceu um limite de 16% para os cadastros de famílias unipessoais no Bolsa Família. Essa medida visa garantir que o benefício seja destinado às famílias brasileiras que realmente precisam e que atendem aos critérios estabelecidos.

Desde o início do ano, o governo tem realizado uma análise minuciosa dos dados do Cadastro Único, com foco especial nas famílias compostas por uma única pessoa. Como resultado, mais de 934 mil benefícios de pessoas que afirmavam morar sozinhas foram suspensos até julho.

Afinal, quem pode receber o Bolsa Família?

De modo geral, famílias com renda mensal de até R$ 218 por pessoa podem receber. Isso significa que a soma da renda de todos os membros da família, dividida pelo número de pessoas, deve ser menor que R$ 218. Isso ajuda a garantir que aqueles em situações de maior necessidade sejam atendidos.

As regras do Bolsa Família também envolvem compromissos relacionados à saúde e educação, como acompanhamento pré-natal, vacinação, avaliação do estado nutricional de crianças e frequência escolar. Manter o Cadastro Único atualizado é igualmente importante.

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O que fazer quando o Bolsa Família é cancelado?

Se por acaso você se deparar com o cancelamento do benefício, é possível contestá-lo. Verifique o aplicativo ou o extrato bancário para obter informações sobre a situação. Se necessário, procure o centro de atendimento onde você se cadastrou para resolver qualquer problema e manter seu benefício.

A recente polêmica em torno das famílias unipessoais não significa que elas perderão o direito ao Bolsa Família. A mudança estabelecida pelo Ministério do Desenvolvimento Social se concentra em limitar a porcentagem de famílias unipessoais em cada município, mas não elimina o benefício para elas.

Portanto, quem já recebe o Bolsa Família e atende aos requisitos não será afetado. Essas mudanças visam melhorar a distribuição dos recursos do programa, tornando-o ainda mais eficiente e justo para todas as famílias brasileiras.

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